bossanovaetentações

esses dias passei perto do seu bar, eu só soube que era sei pelo nome, pelo design que conversamos um dia, por todas as ideias que você sugou de mim e compartilhou com ela, sim, estou aqui voltando nessa história que nunca teve nada de verdade. pelo menos da sua parte.  quero amar sabe, não com dor, não com angustia, nada escondido, quero amar, me aguar em alguém, seca nunca combinou comigo, eu sou gente faminta, eu sou gulosa!  quando eu vou finalmente poder garfar com gosto o amor?!  Capitu! 

eu to bem aquela musica do Chico, cotidiano, mas sem companhia na cama, pareço disco riscado que não tem jeito, que mesmo que limpe, continua arranhando, porque já perdeu todo o tesão em tocar na sua vitrola.  quero passar batom vermelho, aquele que marca tudo, que deixa rastro, que mostra que teve gente naquele lugar, ir marcando sem nenhuma dó, que se dane que sujou o sofá novo, existe água pra que?  essa pandemia está tirando a vida que toda pessoa sem vergonha gosta de viver, quero balcão de boteco falido, quero doses  e mais doses de tequila, quero esbarrar em gente e pedir desculpa sorrindo, quero gostar de alguém. Capitu.  

as vezes fico pensando, ele contava os dias- meses- anos que ficamos? Será que em algum   momento da vida dele eu fui alguém memorável para se datar , bati o olho na foto com a legenda e isso me secou os olhos, pode ser que ajudou a secar pra valer, já que algum tempo ando seca – mas lá estava você celebrando datas, o cara que mal tinha saco para chegar na hora e no dia combinado, celebrando dois anos, isso não desceu, se descer vai ser com álcool, se descer vai ser com lágrimas abafadas. até que ponto a gente de fato esquece alguém? em que momento a vida segue sem arranhões, quando que a pagina vira mesmo a página e não volta mais? se as coisas não tivessem todas fechadas lá estaria eu – fazendo uma nova tatuagem, furando alguma parte do corpo, resolvo as minhas dores – sangrando. Capitu.

acabamos fumando juntos, rimos um pouco, ou talvez muito. não sou bom com números, essa nunca foi a minha praia, pois bem, fumamos juntos, rimos e dançamos juntos, mas não nos amamos juntos. fiz muitas coisas com algumas pessoas, dividi lençol, copo de cerveja, mas isso que a gente tem nunca tive com ninguém esse lance de se colocar nu, mas de roupa inteira, esse lance de não ter vergonha de ter defeitos – esse lance de ser eu. mas agora entendo o lance de fechar portas, não apenas fechar, mas não ter chave para reabrir quando a saudade chegar. saudade dá, mas passa, demora, mas acalma, a vida segue, mesmo eu não querendo ela segue, isso nunca vai ter terra firme, você deseja o que não sou, eu me alegro com o seu eu, acontece que é pouco, não estou mais para migalhas, quero tudo! Quero tudo! (Capitu)  

me lembrei que iremos em um casamento por esses dias e olha como o universo é cruel, ontem enquanto andava com sacolas no shopping, o cara da moto passou próximo a mim de mãos dadas com sua esposa, sorriu, acenou, não me gelei, mas me esfrie! é como se essas coisas corriqueiras não fossem acontecer comigo, pode ser que o casamento dele seja realmente uma bosta, mas e daí, fico imaginando o que eu poderia estar fazendo com ele, fico imaginando as brigas, as reconciliações, nada de vidro quebrado, apenas adultos resolvendo suas diferenças gritantes. mas vou no casamento e desta vez nada de vestido amassado, nada de feridas abertas,  nada de sapato apertado, nada de desajuste interno, desta vez eu vou em um casamento sem necessidade de amar e a ironia é que vou com o meu primeiro amor. (Capitu)  

estou procurando palavras que me convençam que ficará tudo bem, fiquei olhando pra cima enquanto a mulher mexia dentro de mim, fiquei pensando no futuro, pensando se cabe em mim alguma vida, se dou conta de carregar uma vida. Fiquei pensando nas vezes que a gente tentou dormir juntos, das vezes que tentei te mostrar minhas musicas, das vezes que me contentei com cbjr. Descobri novos cantores, mas te perdi no meio do caminho! E quando não dou conta, volto pro cbjr pensando que assim as coisas simples voltam. Será que vou conseguir me limpar de você ?!