bossanovaetentações

que comecemos por qualquer conversa, que seja sobre esse mormaço que me faz engolir a cerveja suada do boteco, que seja sobre as novas fotos que tirei, sobre as novas canções que tirei no violão, das novas artes que criei, não sei meu bem, mas não fique aí parado esperando que eu fale por nós, não fique esperando ações de mim. em dias quentes eu espero, em dias quentes eu fechos olhos e os bons ventos falam por mim, em dias quentes meu querido eu sou paciente. Capitu. 

- seu sorrir mais um pouco, quem sabe faço sucesso e você não me troca mais por qualquer moça blasé, não me troca mais por qualquer moça mais ajuizada que eu. Ele me sorri ajeitando a gravata vermelha, vai arrumando seus papeis, vai arrumando sua mesa, não me convidou pra sentar, não me convidou pro café, nem água me deu pra matar sede. Ficou no seu mundo. Enquanto eu aqui agoniava de vontade, agoniava de esperança, agonizava sem atenção. Ele aprendeu a me ferir, não tem nada mais dolorido na carne que o desprezo de quem se tem tesão vadio. Capitu. 

- quero lhe dizer doutô, que sim, a saudade é grande, mordo meus dedos, como os cantos pra sangrar a carne, eu tenho falta de paixão, falta das suas mordidas, de você me puxar pra tua cadeira, falta de você devastando minha carne. Mas a falta faz parte da vida! E antes que ele falasse algo, abro a porta da sala dele sem lagrimas nos olhos, com o batom em ordem, e finalizo aquela conversa sobre faltas: - por mais falta que tenha de você, eu tenho mais urgência de mim! Capitu. 

- eu só quero que você saiba doutô que tenho pensando em você, em nossa história de folhetim das seis, tenho pensado, e pensar já me faz alguém melhor, já me faz alguém maduro, já me torna mais sagaz. Pensar é ter a consciência de que podia ter acontecido, do que pode nos acontecer, não me pelo por causa de uma aliança, não me pelo. Ao contrário, há mais folego, há mais gosto em lhe virar os olhos com a minha boca em teu corpo! Capitu