[ mastigar ]
Tem pedaços seus em mim, como aquelas tortas de chocolate em que as pessoas insistem em colocar nozes e, mesmo esmagando, ainda conseguimos sentir e morder — aquelas mordidas que doem até a carne do dente.
Não é fácil, e muito menos tranquilo, deixar de amar alguém. É um tempo interminável que, para quem está de fora, parece durar dias — talvez algumas semanas — ou, dependendo do grau de afeto que essa pessoa tenha por quem sofre, apenas um tempo.
Esse sentir — mastigar — dói. É aquele esforço a mais que pedem no trabalho e que, por mais gás que se tenha, não se consegue dar conta de concluir. É um amar amargo, passado, que não há como engolir.
A dor de garganta chegou — claro, no momento mais apropriado: justamente quando preciso fazer as malas emocionais e desaparecer da sua vida. Não tenho semanas, como qualquer pessoa normal teria. Tenho segundos.
Preciso evacuar a tua presença de mim — ou seria o contrário? Como se tira alguém que, de fato, nunca entrou, mas deixa a sensação de um inquilino imprudente?
Lá vou eu, mais uma vez, sorrir na frente do espelho como se estivesse inteira. Passar o velho batom uva e sorrir, com os dentes da alma dilacerados — mas sorrindo. Afinal, o próximo está logo ali. É o que dizem aquelas que sempre foram amadas.
Não é fácil, e muito menos tranquilo, deixar de amar alguém. É um tempo interminável que, para quem está de fora, parece durar dias — talvez algumas semanas — ou, dependendo do grau de afeto que essa pessoa tenha por quem sofre, apenas um tempo.
Esse sentir — mastigar — dói. É aquele esforço a mais que pedem no trabalho e que, por mais gás que se tenha, não se consegue dar conta de concluir. É um amar amargo, passado, que não há como engolir.
A dor de garganta chegou — claro, no momento mais apropriado: justamente quando preciso fazer as malas emocionais e desaparecer da sua vida. Não tenho semanas, como qualquer pessoa normal teria. Tenho segundos.
Preciso evacuar a tua presença de mim — ou seria o contrário? Como se tira alguém que, de fato, nunca entrou, mas deixa a sensação de um inquilino imprudente?
Lá vou eu, mais uma vez, sorrir na frente do espelho como se estivesse inteira. Passar o velho batom uva e sorrir, com os dentes da alma dilacerados — mas sorrindo. Afinal, o próximo está logo ali. É o que dizem aquelas que sempre foram amadas.
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