[Desventuras da moça chamada eu]
Quem se apaixona por ladrão tem algum perdão? Quem
se deixar vencer pelo vilão do filme, tem alguma absolvição? Quem se declara
sem dizer nada, tem algum tipo de entendimento?
Eu sou meu senhor um amontoado de
sentimentalismo, dos puros, que fique claro! Sou a moça de cadernos surrados,
imaginação farta, olhos sedentos de paixão, boca gulosa de amor pra valer, meu
senhor sou dada a todas as histórias, das levianas as profundas, eu sou moça
errada sim, porém, posso ser a dose certa para qualquer loucura!
Todos somos loucos, pois só gente louca sabe
viver nesse mundo de gente que se vende perfeita, meu senhor, após fechar a
porta do meu manicômio interno deixe a fresta aberta assim quando tiver agonia
de escrever bem de noite algumas estrelas dão luz ao meu papel velho e a caneta
escassa!
Meu senhor leva tempo para se curar de gente
feito ele?
- senhor ...
Nada me disse, apenas deixou a fresta aberta, minto
me disse sim, ao fechar a porta, olhou para minhas peças socadas na gaveta, as
cordas soltas do violão, e confessou:
- nunca esquecemos nunca nos curamos
- o que faço então?
- siga!
Ele sorriu, fechou a porta com ternura e eu
fiquei ali, estou aqui, ainda escrevo freneticamente,algo nosso, algo da suas
mordidas nos meus seios, algo de seu cheiro preso no meu lençol velho, escrevo
freneticamente para não esquecer, para não me curar, pois se me curo sobra o
que deu?
Da moça bonita
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