Valsas arranhadas
- é uma canseira que da nó na garganta, que
desatina as ideias, que da fadiga de ser feliz, de buscar novos caminhos, que
dá fadiga em se arrumar diante do espelho, estou nessa fadiga há meses, desde
que entrei por está porta chamada você tenho oscilado em dias bons, dias péssimos
e dias intermináveis
pensei que tínhamos
chegado ao fim, se é que tem fim algo que nem começou, estou cansada dessa
tentativa de correr feliz pelas ruas esburacadas de mim, não há tequila que me
anime, não há lambida do ray ray que me aqueça, o Beto desligou o celular, não
responde e-mails desde semana retrasada, aquela que você me berrou no bar e me
beijou o pescoço
você tem sido minha maior afronta, minha maior
deselegância sentimental.
o que quero? dar um vasto sorriso no espelho, andar sem pisar em grandes lacunas, desfazer o
cabelo que me envelhece, usar batom vermelho, caçar minhas saias, minha
desobediência, caçar minha boca desbocada, caçar o meu destempero, que me
tempera.
ando pelas ruas
sem documento, sem nada que afirme quem sou, ando pelas ruas descalça,
machucada, desorientada, ando pelas ruas feito gente que perdeu tanta vida por
tentar viver,estou sendo procurada por alguém, eu sei que estou,
Da moça bonita.
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