{ da passagem de maio, dos anos novos, e da cigana}


- não sou dessas que fica dando boas vindas e adeus aos meses que se vão, nem folinha com dias eu tenho, male má vejo o calendário com letras miúdas que tem no meu diário, quem diria maio se foi e com ele mais um ano de vida, fico feliz em saber que desta vez apaguei minhas velas ao lado do doutô ...
As festa com bexiga eu deixe no inverno dos 15 anos, hoje eu tenho brindado a base de tequila, tenho brindado a vida nova com gente estranha, isso tem me feito bem, antes de apagar as velas ao lado do doutô, conheci uma tiazinha que bebia com classe sua pinga no bar do Antonio, ela disse que sabia ler o destino, eu e a minha mania de encontrar cigana pelas ruas tortas da minha vida ...
Eu vestida pra festa particular deixei minha mão para ela se aventurar, ela tinha os dentes pouco dourados, mas tinha olhos sujos do tempo, sujos da areia dos lugares em que ela povoou...
Ela puxou minha mão para sua vista um pouco cansada, largou o copo da dose na mesa, e me disse: - menina que linhas tortas, curtas e quanto desencontro amoroso, desencontro de vida, o que eu vejo aqui é muita poeira, andança, desatenção, falta de sabedoria, vejo relutâncias, você precisa urgente desapegar de certas pessoas, ela me olhou e adivinhou que eu queria saber sobre o amor....
Ela pediu a outra mão, à esquerda, ela disse que é muito mais fácil saber do amor na mão em que as veias sanguíneas bombeiam nosso maior órgão, ela limpou a minha mão com aquela intenção de deixar as linhas mais limpas, e resumiu, - elas são curtas aqui também, repetitivas, gastas e largou minha mão, pegou a garrafa completou seu copo, e me disse encerrando a leitura e a conversa, - você não nasceu pro amor como todo mundo nasceu, o teu amor arrasta tudo, teu amor feri.
E saiu com sua garrafa pras tais ruas empoeiradas, e enquanto caminhava dona de ci, virou de relance, e me afagou, porém você tem uns olhos ....

Da moça estrangeira de si. 

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