[ fronteiras]
-
pra que adiar ? vai lá enfrenta, conversa, ficar aí esperando que os
sentimentos se resolvam como a chuva resolve seca, não dá. As pessoas iam
passando, carregando caixas, toda essa pressa não me comoveu, fui despedaçando
meu pão de queijo como se fosse dividir com mais de vinte pessoas, e ela
insistia, dava rotas, diálogos, possíveis cenas de beijo, antes de colocar as
malas do carro, fui atrás da cigana, conversamos baixo, tinha vergonha do que
pedia, ela com os dentes de ouro brilhoso botou fim na espera, - ele vai lhe
aguar.
e
entre essas duas conversas, entra apressado, um moço de roupa de peão,
trombando nos panetones a mostra na bancada da padaria pedindo um pingado,
coloca o chapéu na mesa, coça a barba rusticamente, vai partindo o pão,
bebendo, conversa com fulano ali, deseja boas festas pra vizinha, a fome passa,
minha prima se cala e seguimos pra mesma fila, a gente tinha se visto, mas não
se cheirado, a gente se encontro como rio.
Capitu