A locomotiva dos (des)prazeres carnais
Meu doce bem era assim que a mulher da janela
berra pro seu garotão que saiu fudido da vida vai lá saber o motivo do moço ter
deixado a aquela cretina dos seus sessenta anos, as pessoas acham que dinheiro
sempre irá solucionar tudo, ledo engano, o dinheiro nem sempre compra o tesão
nem sempre compra a permanência dos serviços ...
Ei moço bonito , assovie, ele olhou , vestia
calça jeans camisa xadrez barba até que comprida lembrava aquelas
revolucionários que meu vozinho vivia contando quando ia pra Minas, ele acenou
a velha me fitava, foda-se, eu tenho algo que ela nunca terá, liberdade, gente
assim se prende demais as coisas, as pessoas, eu não, eu sou feita pra passear
nos corpos dos outros!
Beijei meu filho, peguei carteira, bolsa que
ganhei da minha mãe arrumei mais o menos o meus cabelo, conferi meu look no
espelho do apê, elevador demorado, será que ele não esperou , acho que não, bom
ainda da tempo de beber algo sempre tem lugar aberto, quem ama a noite sempre
encontra dela nas esquinas....
Mal falei com o João da portaria, ele tava
encostado na placa de é proibido estacionar, me fitou, acho que tava sedento de
carne nova. Gosto de passar a mão no rosto dos caras que eu fico, é a minha
forma de ser carinhosa, é minha forma de ficar neles.
A gente bebeu cerveja, gelada, comemos amendoim,
rimos do fracasso do Vasco contra o Corinthians, ele disse que era Barcelona e
que time Brasuca só se fosse Fluminense, eu disse que era São Paulina tradição
da família do meu pai e disse que era Real até
me perde nas jogadas do Messi..
Ele beijo minha mão , lambei minha tatuagem do
infinito no punho direito, empurrou a cadeira do botequim velho e mordei minha
orelha direita, disse que precisava dormi ao lado de mim , sorri pra ele e
disse que não era assim, ele repetiu, eu preciso dormi ao seu lado!
E fomos pra cama, coloquei a camiseta velha do
meu pai de bossanova, coloquei no Caetano ele pediu para ouvir , Baby, ficou de
cueca barriga pra cima olhos pequenos e deitei e sem brincadeira nenhuma foi a
primeira vez que dormi como se tivesse voltado pro útero da minha mãe...
As pessoas se esquecem que eu sou movida a
liberdade, baby!
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Escritora
Tracy Ellen
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